A CERTEZA DA SALVAÇÃO

    TEXTO BÁSICO: João 15.16

 

    INTRODUÇÂO: Pode um verdadeiro cristão perder sua salvação? Essa questão é discutida há muito tempo. Em outros termos é a questão de que um cristão, depois de ter confessado a Cristo pode ou não perder sua salvação devido a algum pecado, ou a abandonar sua fé? É preciso que o cristão entenda estas questões.       A resposta é dada – embora existam alguns pontos e opiniões divergentes entre eles –, basicamente por dois grupos: os Arminianos que apregoam que os verdadeiros crentes podem pecar e com isso, caso não se arrependerem, podem perder a sua salvação, conforme entendem, dentre outros, o texto de Hebreus 6.4-6, que diz: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados... e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento...”.

 

    O outro grupo é dos Reformados, eles apregoam que uma vez que o cristão tem o Espírito Santo na sua vida e se nasceram de novo, foram regenerados, não se pode “desnascer”; ou seja, é impossível que este venha a cair definitivamente e perder a sua salvação. Não significa que nunca poderão cair, mas, mesmo que possam cair, não ficarão prostrados, pois Jesus prometeu: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”. João 10.28

 

    Tentarei analisar este tema respondendo a algumas perguntas: O que é a certeza de salvação? Como provar biblicamente? É possível ter certeza da salvação? E é possível ser salvo sem ter esta certeza?

 

    I.                   O que é a certeza de salvação?

    Parece óbvia essa pergunta. Mas é crucial saber o que significa a palavra “certeza” e de “salvação”. Ora, certeza significa, segundo Aurélio[1]: qualidade do que é certo; conhecimento exato; persuasão íntima ou convicção. Entendo que muitos cristãos não têm certeza da salvação porque podem não ter o “conhecimento exato” sobre o assunto.

 

    A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã[2] define a certeza da salvação como “a confiança do crente em Cristo de que ele, a despeito da sua condição pecaminosa mortal, é, de forma irrevogável, um filho de Deus e um herdeiro do céu”. A esta certeza de salvação os Reformadores referiram-se teologicamente como: “certitudo gratiae ou certitudo salutis”, termos que implicam a certeza ou segurança da salvação pessoal.

 

    A palavra salvação tem muitos significados na Bíblia. Aqui, trata-se da salvação da nossa alma, principalmente da ira vindoura de Deus, culminando no inferno. A salvação, nesse sentido, é um presente da graça de Deus. Efésios 2.8-9 diz: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.  Entendo que o oposto é enganoso, como os arminianos entendem, pois como Deus nos dá algo – seja a própria salvação ou a fé para a salvação – e se pode perder? Afinal, surge a indagação: quem garante a salvação, Deus ou o homem? Se for Deus, então ele não teria poder para nos garantir a “certeza”, visto que se “perde”; se é o homem, como a Bíblia diz o contrário? “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém”. Judas 1.24-25

 

    II.                Como provar biblicamente a certeza da Salvação?

    Existem vários textos que provam biblicamente a certeza da salvação na vida daqueles que crêem. Vamos citar alguns:

 

    Salmo 37.24-28, “o SENHOR os sustém com a Sua mão ... Eles são preservados para sempre”. João 3.16,36 garante que quem recebe Jesus como Salvador “tem a vida eterna”. E ainda João 5.24 diz que “não entrará em condenação”. João 6.37 Jesus diz que: “de maneira nenhuma o lançarei fora”. E ainda: João 10.27-29 “dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. Isso é tão certo que Paulo afirma em Romanos 8.29,30 que “...os que dantes conheceu, ... a estes também glorificou”. Paulo poderia dizer: “estou certo de que nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus”, Romanos 8.35-39. Pois, “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” Romanos 11.29. Ainda em 2Tessalonissenses 3.3 diz: “...mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno”. Pedro também cria que Deus nos “gerou de novo para ... uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” 1Pedro 1:3-5. E João afirma que: “tudo o que é nascido de Deus vence o mundo” 1João 5:2,4,5. E Judas ainda diz que Deus é “poderoso para os guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis” Judas 1:24. Isso só para citar algumas passagens. 

 

    III.        É possível ter certeza da salvação? 

 

    Pelas referências acima, podemos inferir que é claro que se pode ter certeza de salvação. No entanto, esta certeza não se dá por alguém de fora assim o declarar. Por exemplo: não é porque algum pastor, ou líder qualquer, disse que você tem a vida eterna, baseada em condições que ele mesmo prescreveu, que se pode ter a certeza de salvação. Como também, não é por se terminar um discipulado ou um curso bíblico que isso, por si só, lhe garante a salvação. A certeza da salvação não vem por diploma de igreja ou a compreensão apenas intelectual da verdade. Ou pertencer a alguma igreja evangélica ou ser filho de algum cristão piedoso não lhe garante a salvação. Possuir títulos eclesiásticos também não é certeza de salvação. Tem muitos pastores, presbíteros, diáconos, músicos, ou seja qual título tiverem, que não serão salvos.

 

    A certeza da salvação é pessoal e intransferível. Ou seja, eu só posso ter “minha” certeza, não a dos outros e não posso transferir minha certeza para outro. Você só pode responder por si mesmo. “Examinai-vos a vós mesmos para saberdes se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos” (2Coríntios 13.5). A Palavra nos adverte que devemos nos examinar para termos a certeza da Salvação: “... procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum” (2Pedro 1.10). No entanto, a Bíblia, e só ela, nos dá alguns princípios que pode nos ajudar para que façamos uma auto-avaliação.

 

    a)      Podemos ter a certeza da vida eterna porque temos Cristo como nosso Salvador e Senhor. “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas cousas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna” (1João 5.11-13 – grifo nosso). Você tem a certeza de que Cristo, de fato, é seu Salvador e que perdoou os teus pecados?

    b)      Podemos ter a certeza da vida eterna se já nascemos de novo. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que coisas novas surgiram!” (2 Coríntios 5.17). Não existe cristão verdadeiro sem a experiência do Novo Nascimento. Você já teve essa experiência em tua vida. Você já foi regenerado pelo Pai? Você tem certeza de que já nasceu de novo?

    c)      Podemos ter a certeza da vida eterna quando manifestamos santidade em um mundo pecaminoso. “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, carnais e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente...” (Tito 2.11-12). Você vive em santidade ou de acordo com os padrões mundanos?

    d)      Podemos ter a certeza de nossa salvação, pois quem prometeu é fiel para guardar o nosso tesouro até o dia final. Por isso já sabemos que: “...já passamos da morte para a vida...” (1João 3:14). Pois Jesus prometeu: “... quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5.24). Acaso pode uma promessa de Jesus cair por terra?

    e)      Podemos ter a certeza de nossa salvação pelo testemunho interior do Espírito Santo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16) e “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gálatas 4.6).

    f)       Por fim, podemos ter certeza da vida eterna graças às várias passagens bíblicas como, por exemplo: João 10.28-29 e 17:6, Romanos 8.35 e 11.29, Filipenses 1.6, 1Pedro 1.5. Dentre tantas já citadas.

 

    IV.                 É possível ser salvo sem ter esta certeza?

 

    Serei breve nesta explanação. Creio que existem muitas pessoas simples e humildes que, de fato, confessam a Cristo como seu salvador pessoal e nasceram de novo. Mas, devido a falta de conhecimento da Palavra, ou por alguma deficiência intelectual, ou por se achar pecadora demais, ou por estarem passando por algum problema emocional, não conseguem responder efetivamente sobre a certeza de sua própria salvação. Assim com pode haver pessoas que pensam que são salvas e não o são – pois “nem todo aquele que diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus (Mateus 7.21-23) –, existem pessoas que não sabem dizer se são salvas e na realidade já o são. Mas isso não quer dizer que não são salvas.

 

    O apóstolo João já disse: “Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus. E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado. Se o nosso coração nos condena, sabemos que maior que o nosso coração é Deus”. 1João 3.20-24

 

    CONCLUSÃO: Mediante o exposto, podemos concluir que, mediante a abundância dos textos bíblicos, a certeza da Salvação e seus benefícios são possíveis de serem experimentados pelos verdadeiros cristãos. E, ainda que esta segurança não seja indispensável para a salvação, pois no caso dos ouvintes de João, principalmente em sua epístola, se ele teve que instruí-los é porque ele cria que alguns de sua comunidade eram salvos, porém não tinham plena certeza disso. Por isso, as Escrituras também nos exortam para que examinemos a nós mesmo para termos a certeza de que estamos na fé. Em tudo isso, só podemos dizer como Paulo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. Romanos 11.33-36

 

    *O Pr. Antônio Pereira da Costa Júnior nasceu em Esperança – PB. Faz parte do quadro de ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. Palestrante e pesquisador na área de Apologética em geral, Técnico Agrícola pela UEPB e Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional). Fez um curso de Apologética por extensão pelo ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). Especialista em Teologia e História pelo SPN – Seminário Presbiteriano do Norte (Recife). Atualmente faz gestão Pública pela Faculdade Metodista de São Paulo (EAD - Pólo: Campina Grande)

    Antônio Pereira da Costa Júnior*

    Em tempo:

    Acrescento o texto bíblico abaixo que irá remover definitivamente, qualquer dúvida sobre o assunto:

    Ezequiel 33:12 – 20

    Vale ressaltar que o texto acima é no VT Velho Testamento, portanto, antes da manifestação da graça em Cristo.

    Pb Ginaldo Américo

 

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